terça-feira, 2 de outubro de 2012

VOO DE LIBERDADE


Há algum tempo escrevi aqui que ler só é prazeroso quando se tem vontade, desta forma, subentende-se que escrever se dá mesma forma. Pois bem, aqui estamos novamente após um longo hiato sem tempo e vontade de postar nada neste pequeno espaço onde a censura passa longe. 

No último fim de semana minha esposa viajou para visitar sua avó na cidade de São Domingo do Prata, eu fiquei, porque tenho duas provas esta semana, uma de cálculo II e outra de Física I, o que é dispensável versar aqui, é sobre a minha dificuldade em fazê-las, afinal, é isso que dá um jornalista decidir cursar a faculdade de Engenharia Civil. Mas voltando ao assunto, principal, como minha esposa viajou, aproveitei para dormir na casa de meus pais, em Timóteo.

Após uma tarde inteira e parte da noite de estudos, acordo logo pela manhã para ir à farmácia comprar uma manteiga de cacau, pois com a temperatura baixa em plena primavera (para nós já parece verão), meus lábios resolveram ressecar.

Logo ao sair de casa percebo um alto e lindo canto de Sábia vindo de uma casa a poucos metros da de meus pais, até ai tudo normal, quero dizer, normal mas incorreto, porque com certeza o bicho estava preso em uma gaiola. No entanto, o mais interessante veio em seguida, um outro sábia pousou no fio do poste em frente e também começou a cantar. Acredite quem quiser, mas eles pareciam conversar. De um lado um inocente prisioneiro que se vê obrigado a cantar como se fosse a mais feliz das aves, e do outro, uma que realmente cantava de felicidade, afirmando ser a ave mais feliz do mundo.

Não moramos em uma metrópole onde cenas de pássaros soltos chega causar estranheza em alguns, mas o “diálogo”  chamou a atenção de outras pessoas que chegaram a parar e ficar olhando o pássaro – solto é claro, pois o outro estava preso -, o que por consequência foi chamando a atenção de outros incrédulos que ali transitavam.

Quando a plateia estava formada, o sábia que estava livre, logo deu um jeito de dar no pé, ou melhor, nas asas, afinal como diria o esperto João Matuto, que não confia nem na própria sobra, com certeza ali havia um que olhava não com ares de admiração, mas sim de cobiça, querendo transformar aquele livre em também prisioneiro.

Todo esse misancene não durou mais do que míseros 60 segundos, mas para quem assim como eu, acha verdadeiramente lindo um bicho calado solto, do que um cantando preso, com certeza a situação foi de aprendizado.

Ao sair fiquei com aquele sentimento de que apesar de serem seres “irracionais” como um pássaro teria imaginado o outro? Como teria sido o diálogo entre eles? Na minha vã filosofia seria:

O preso pensando:

- Quem serás este meu platônico amigo que cantas comigo tão bela canção? Serás a jaula dele tão apertada como a minha?

Em contrapartida, o livre pesava:

 – Onde estará este meu amigo, que cantas comigo esta bela canção, mas não vens ao meu encontro? Porque não sais de dentro de casa, e vens aqui desfrutar comigo de tão bela manhã dominical?

O conceito de  beleza é subjetivo, de forma que, o que é belo para uns, não é para outros, e infelizmente para alguns “racionais” animais, a beleza está em manter numa jaula um bicho que nasceu com asas para galgar voos de liberdade.
 
 

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