quinta-feira, 17 de março de 2011

VERGONHA E DERROTA


Esta vida é mesmo engraçada e as vezes nos prega peças. Trabalhando há sete anos na área da comunicação já vi um bocado de coisa acontecendo, tanto na linha de frente, quanto nos bastidores.

Falando sem dados científicos, mas por conhecimento empírico, acho que se fizermos uma pesquisa junto a categoria, depois da questão salarial, o que mais desanima os profissionais do jornalismo, e tal burra censura. Sempre achei ridículo e condenei como o estado condenava as bruxas à inquisição durante a idade média, quem pratica a Censura.

Como diria meu sábio irmão, infelizmente somos nós que corremos atrás do dinheiro, e não ele atrás de nós. E isto faz com que sigamos as vezes por caminhos turbulentos.

Vez por outra, infelizmente sou obrigado praticar a famigerada censura, aliás, eu a fiz somente uma vez, e foi o suficiente para me sentir ao fim da ligação telefônica, como uma prostituta que acabou de fazer um programa com o mais porco, nojento, chauvinista, bruto e ignorante dos homens, e que, para piorar, saiu sem pagar após uma seção de agressões físicas. A vergonha perante meus colegas de redação era tamanha, que confesso tive vontade de largar o serviço e mudar de cidade. Como pudera, mesmo cumprindo ordens, um jornalista que já atuou em redações de rádio e jornal, praticar aquilo que é mais combatido em nosso meio? Infelizmente, contas a pagar compromissos futuros assumidos ou simplesmente a necessidade de um emprego para sobreviver, me obrigaram a cumprir mesmo que vergonhosamente a ordem. Mas também lembro-me de me apresentar e informar que nunca mais cumpriria uma ordem como aquela, se quisessem que a fizessem, mas eu, nunca mais. E pelo menos me lembro de realmente não ter feito, mas como disse, fizeram por mim algumas outras vezes.

Mesmo não sendo minhas essas ligações, elas foram suficientes para trazer a tona novamente aquele sentimento de vergonha e derrota citados acima.

Recentemente não agüentei a provocação de uma colega de trabalho, sobre a qualidade editorial dos jornais da região, e resolvi comparar as profissões. Citei pelo menos 15 profissionais da área dela, espalhados por todo País e envolvidos com chefes das mais diversas facções criminosas nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, ao mesmo tempo, perguntei qual o último caso de escândalo envolvendo um jornalista que ela se lembrava. O silêncio fúnebre, seguido da saída repentina de minha sala foi a resposta mais rápida que mente brilhosa conseguiu me dar.

Não me assustarei se essas palavras sofrerem um AI-1, no entanto, chega uma hora que é preciso extravasar, soltar a fraga, chutar o pau da barraca, e por ai vai.

Sei que com todos os problemas, e já ter estado dos dois lados da moeda, não deixa de ser interessante, e como tudo na vida, agrega conhecimento.

No último domingo, eu e minha esposa ganhamos de presente de minha mãe um livro, desses de promoção mesmo, e que ela se esqueceu de tirar a etiqueta do preço que mostrava R$ 9,99. O titulo? A vida não é um limão, a vida é uma limonada.

CENSURA
[Do lat. censura.]
S. f.
1. Ato ou efeito de censurar.
2. Cargo ou dignidade de censor.
3. Exame crítico de obras literárias ou artísticas; crítica.
4. Exame de qualquer texto de caráter artístico ou informativo, feito por censor (3), a fim de autorizar sua publicação, exibição ou divulgação.
5. P. ext. Corporação encarregada do exame de obras submetidas à censura.
6. Condenação, reprovação, crítica.
7. V. repreensão (1).
8. Rel. Condenação eclesiástica de certas obras.

Um comentário:

  1. É meu amigo, assunto espinhoso esse. A sociedade estabelece a mídia que ela quer. Quem tem dinheiro quer o mundo fashion da coluna social, quem critica as vezes nunca assinou um jornal e contribui assim com a dependência que os meios têm de outras fontes de renda. E nisso reside um fato: Quem paga quer que seja divulgada a "sua verdade" e não a realidade dos fatos. Lembra-se de "A saga dos cães perdidos?" Ser jornalista no século XXI é enfrentar velhos fantasmas e aprender a navegar nas brechas do poder. As entrelinhas, fotos e imagens dizem muito. Alías, talvez fosse melhor trabalhar com a censura dos anos 60 e 70. Pelo menos ela era inteligente. Abraço.

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