quarta-feira, 28 de setembro de 2011

E AGORA QUEM PODERÁ ME DEFENDER



Aos 31 anos de idade graças a Deus nunca havia precisado acionar a polícia para nada. Nem para questões pessoais, nem para questões coletivas, no entanto, cansei de ouvir reclamações de cidadãos que num momento de desespero, raiva ou indignação acionaram a Policia Militar para registro de uma ocorrência e foram mal atendidos, isso claro, quando foram.

Pois bem, na última terça-feira, 27 de setembro, ao chegar em casa do trabalho por volta das 21h30, minha esposa sofreu uma tentativa de assalto, graças a Deus, frustrada, já que o meliante não chegou a tempo de pegar o portão elétrico aberto, mas mesmo assim disparou uma série de xingamentos contra a mesma. Ao perceber a situação e verificar que o fato envolvia uma pessoa de minha família liguei imediatamente para a Polícia Militar, repassando todas as características do meliante. Para minha surpresa o rapaz não evadiu da rua, ficando em frente a um prédio logo adiante. Somente após 15 minutos uma viatura da Polícia Militar chegou ao local, ao verificar que o meliante ainda se encontrava lá, somente pediu para que ele levantasse a blusa e como não havia nada liberou o rapaz.

A parte cômica da história começa justamente aí. Da minha varanda ao constatar o fato liguei novamente para o 190, questionando a situação e acabei levando uma dura do policial do outro lado da linha. Mais do que rapidamente desci e ainda consegui parar a viatura para questionar o fato. Para minha surpresa, uma Sargento totalmente despreparada cujo vou preservar o nome porque do jeito que a coisa anda, ainda é capaz de eu ser processado ou mesmo sofrer algum tipo de retaliação, me respondeu da seguinte forma. “Não posso fazer nada ele é um doido drogado. Ele não estava armado, não podíamos fazer nada”. Isso sem nem descer do carro. Ao questioná-la novamente se não iria fazer um Boletim de Ocorrência (BO) ou mesmo um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO), ela novamente de forma irônica respondeu que não havia acontecido nada demais ali e que não havia necessidade do mesmo, já manobrando Unidade Móvel e Atendimento Comunitário para ir embora. Neste momento dei uma risada seca, e fiz o seguinte comentário. “É, tá danado, quer dizer que tentativa de assalto para a PM não é nada”. Neste exato momento a Sargento mais do que rispidamente me questionou do que eu estava rindo, se era da cara dela, já em tom alto e intimidador. Novamente respondi que estava rindo da situação, e logo de um jeito de sair porque era bem capaz de eu ser detido por desacato, por ter acionado a Polícia Militar devido a uma tentativa de assalto que minha esposa passara às 21h30. Àquela altura o relógio já marcava 22h20. Como num passe de mágica os dois militares foram embora sem fazer os tais BO e TCO.

Seria cômico se não tratasse de um caso como este, mas acionamos novamente a PM por meio do 190, insistindo que enviasse uma nova viatura porque queríamos registrar o BO. Minha insistência em registrar não é somente pelo fato acontecido, e sim porque a Polícia Militar trabalha em cima de estatísticas, e o instrumento que ela utilizar para tal qual são os BO’s e os TCO’s.

Às 22h45 eis que chega a nova viatura, desta vez um sargento educado e disposto a nos ouvir. Quando conversávamos com ele sobre o ocorrido e sobre a atitude de sua colega de trabalho, surge no início da rua a viatura com a sargento que antes do veículo parar, coloca o seu corpo para fora e começa a esbravejar como se fosse um cão raivoso. “Sargento....... – mais uma vez vou preservar o nome do polícial que nos atendia neste momento -, desde quando eu trabalho para esse povo, eu vim aqui, não tinha demais e fomos embora, ainda conversei com esse menino aí”. Até mesmo o polícial que atendia a ocorrência no momento ficou espantando, deu logo um jeito de contornar a situação e a sargento com a mesma rapidez que surgiu, desapareceu.

O relógio já marcava 23h15, para uma ocorrência de tentativa de roubo que aconteceu às 21h30, e novamente me espantei. Este segundo militar que gentilmente nos atendera, disse que seu turno encerrou às 23h, e que mandaria outra viatura para registrar a ocorrência, ou seja, teríamos que esperar a troca de turno, relatar um fato que foi relatado para uma segunda equipe a uma terceira equipe. Como diria um antigo radialista da rádio Globo, “É duro Oswaldo”. Neste momento eu fiz uma brincadeira, pedi aos militares que dessem um jeito de trazer o meliante de novo e permitir que ele concluísse o assalto, que isso nos daria menos trabalho e dor de cabeça.

23h30, resolveram quebrar nosso galho e registrar o BO, novamente um impasse, não sabiam a identificação a ocorrência (ID), porque o como não havia nenhum registro feito pela aquela primeira equipe da “educada” Sargento, e ao mesmo tempo, o assalto não se efetuou, e o caso ficou mesmo só nos xingamentos e na tentativa, como então se enquadraria o fato? Injúria, tentativa de assalto? resultado, pegaram os dados e registrariam a ocorrência no 14º BPM. Somente na sexta-feira posso solicitar a cópia do boletim.

Fato relatado e todos menos insatisfeitos? Não, claro que não. Informei ao polícial que gostaria de relatar no BO, a atitude da Sargento que ele acabara de presenciar. Aí entrou em ação o bom e velho corporativismo. Tive a resposta que não seria possível registrar aquele fato naquele Boletim, detalhe, ambos policiais fazem parte da mesma base comunitária que atende aos bairros Iguaçu e Cidade Nobre.

Como resposta para este fato em questão, fui informado que deveria procurar o Comandante do 14º Batalhão de Polícia Militar de Ipatinga ou então o Tenente responsável pelo policiamento dos bairros Iguaçu e Cidade Nobre, em horário comercial, lá no batalhão e registrar o fato. Ao informar que eu trabalhava das 7h30 às 17h, tive um breve, “aí é complicado, como este é um assunto de seu interesse, você tem que arrumar tempo”. Detalhe, o relógio já beirava 0h.

Ainda estamos pensando se vamos procurar o Comandante do 14º ou então o Tenente responsável, porque entra em questão outro ponto. Ao registrar este fato, vocês que leem este blog, acham que eu vou sofrer algum tipo de retaliação? Ou então que a tal Sargento pode tentar me perseguir? ou ainda pior, não só ela, bem como os demais colegas de fardas?

No frigir dos ovos, o meliante que tentou assaltar minha esposa, às 21h30 provavelmente já deveria estar dormindo àquela hora, já que havia contado com a sorte aquela noite e não é bom dar sopa para o azar duas vezes no mesmo dia, e nós cidadãos honestos, cumpridores de nossos deveres, pagadores de impostos, respeitadores da lei, alí finalizando uma ocorrência pela metade, já que tive meu direito de reclamar de um servidor público, que tem como obrigação proteger e atender bem o cidadão de bem, pago com o meu e o seu impostos, mais uma vez com aquela sensação de impotência, revolta e derrota.

Nesta hora pesei comigo mesmo para evitar correr o risco de ser preso por desacato, no jargão do mais antigo seriado brasileiro, o Chapolim Colorado, “E agora quem poderá me ajudar”.

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