segunda-feira, 25 de julho de 2011

POBRE DOM JUAN

Quarta-feira, 13 de julho de 2011, 15h30, trabalhando em minha mesa, preparando uma apresentação em PowerPoint para reunião mensal do Sistema Integrado de Qualidade (SIG), sou interrompido pelo toque do celular. Ao pegar o aparelho e olhar o visor, percebo a origem da ligação como CONFIDÊNCIAL.

Como não conheço nenhuma pessoa com o nome de Confidencial e ao mesmo tempo, deduzo que uma pessoa que aciona esta opção em seu aparelho não quer que você saiba quem é, muito menos o número do seu telefone, me reservo ao direito de também não atendê-la. Apertei a tecla silenciar e voltei a trabalhar. Em questão de segundos, a cena se repete, telefone toca, olho para o visor, ligação CONFIDÊNCIAL, aciono silenciar e volto a trabalhar. A cena voltou a se repetir outras duas vezes.

Por fim, na quarta tentativa em menos de um minuto, pensei. “Pode ser algum conhecido, ou alguém da família, que acionou a opção ligação confidencial e nem está sabendo, e está precisando conversar comigo urgente. De imediato pensamos em alguma enfermidade com um parente próximo”. Então resolvi atender.

- Alô!

- (Voz de uma mulher muito nervosa) Cachorro, safado, onde é que você está, fala desgraçado.

- Hã!

- Fala! anda! Onde é que você tá. Tá com ela seu cafajeste, desgraçado.

- Quem está falando?

- Como assim quem está falando, sou eu seu ordinário, já estou sabendo de tudo, onde é que você está, me fala logo para eu ir aí acertas as contas com você.

- Minha senhora, acho que você ligou para a pessoa errada.

- Há, há, há, há, há. Você deve estar achando que eu sou idiota né. Desgraçado, você está com ela agora não está, (aumenta ainda mais a voz em tom de grito), quem é a vadia, vagabunda que está com você.

- Minha senhora, realmente não tenho a mínima ideia do que a senhora está falando, meu nome é Cristiano Souza Linhares, e estou neste momento no meu trabalho, na cidade de Ipatinga.

Antes mesmo de eu terminar a frase, ela parece ter interpretado somente que eu estava em Ipatinga)

-Ipatinga? você foi para Ipatinga para encontrar com ela? e você ainda tem coragem de me dizer, seu ordinário, me fala logo o nome da vagabunda, anda.

Confesso que o ideal seria desligar logo o telefone, mas a situação cômica, pelo menos para mim, me fez ficar mais alguns minutos na linha. Pensava em tudo, desde o “pobre” marido, namorado ou companheiro, que teve a sua suposta pulada de cerca descoberta, ao sofrimento e raiva daquela pessoa do outro lado da linha. Pela tonalidade de sua voz, percebia-se que era um misto de raiva, sofrimento e desespero, que a impossibilitava de ouvir o que e dizia, desta forma, ela acabava interpretando somente o que lhe era conveniente.

- Minha senhora, novamente lhe digo, meu nome é Cristiano Souza Linhares, sou Jornalista e moro na cidade de Ipatinga. Não acredito que a senhora deva ter errado o número do telefone do marido, namorado ou companheiro, uma vez que me ligou quatro vezes consecutivas, no entanto, acredito que a senhora deva ter errado o DDD, este número que a senhora está ligando pertence à área 31, e não é do seu marido, namorado ou companheiro, aliás, qual é mesmo o nome dele?

Novamente para a minha surpresa, demonstrando ainda mais o desespero da mulher, ela não absorveu nada do que eu disse.

- Pára com isso! Porque você tá fazendo isso comigo. Acha que eu não conheço a sua voz? Você tá com ela agora e não quer me dizer não é. Onde é que você está no motel ou na casa dela desgraçado, como você tem coragem de fazer isso comigo.

- Minha senhora, infelizmente não posso lhe ajudar, só posso lhe garantir que não sou o seu marido, namorado ou companheiro, e confesso que não gostaria de estar na pele dele quando ele chegar em casa. Só posso mesmo lhe desejar boa sorte na sua busca. Tenha uma boa tarde e por favor não me ligue novamente.

Logo em seguida desliguei o telefone uma vez que nessa brincadeira toda já se passava uns 3 a 5 minutos e naquele dia realmente eu estava muito apertado. Mas para a minha surpresa o telefone ainda tocou mais três vezes. É claro que eu não atendi, uma vez que já sabia do que se tratava.

Ao chegar em casa a noite e comentar o fato com minha esposa, demos umas boas gargalhadas sobre o acontecido, mas ao mesmo tempo com certa dó da desesperada senhora, e também, curioso sobre o destino do misterioso Dom Juam. O que terás acontecido com o casal e quem serás a caliente amante. Pena o caso não ser uma novela das 7 para poder conferir no dia seguinte o restante da história.

Um comentário:

  1. Hahahaha. Me fez lembrar o caso do assessor da prefeitura de Timoteo que certa vez ligou confidencial para o meu celular confundindo com o celular do então secretário de comunicação cujo sobrenome é o mesmo do meu. Como não atendi, o boquirroto deixou a seguinte mensagem na caixa postal: "O jornalista da rádio ligou. precisamos arrumar uma desculpa para aquele problema da unidade de saúde do bairro Novo Tempo"

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