quinta-feira, 25 de novembro de 2010

QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA UM PONTO.

Dia desses escrevendo um release sozinho em minha sala, e relativamente mal humorado, eis que um colega de trabalho entra e pergunta se estou sozinho. Lembrei-me daquele personagem do zorra total, Saraiva, que não tolerava perguntas idiotas, no entanto, me contive e respondi um seco, sim.

Esse colega senta-se do meu lado e logo dispara, “bicho nem te conto o que eu acabei de ficar sabendo ali em baixo agora”. Como estávamos em uma semana meio polêmica sobre a votação de um projeto de lei de autoria do executivo municipal, e o assunto era pauta certa nas salas, parei de redigir e texto e perguntei o que era. De cara a conversa já começou atravessada.

fulado disse que sicrano vai ser mandado embora, e que beltrano já armou tudo para ficar na vaga dele, com isso o zutano já tá articulando para ficar com a vaga do Beltrano, que é a maior mamata. Mas ó, deixa baixo porque quase ninguém tá sabendo disso. Por isso se espalhar terá sido ou você, ou o megano, ou o peregano, que contou para mais alguém. E ainda tem a melhor parte. Sabe por que o sicrano ta sendo mandado embora?”. Antes mesmo da conversa continuar interrompi o diálogo e pedir para que não contasse por três motivos.

Primeiro porque o então sicrano é uma pessoa que admiro muito.

Segundo porque vai que o “trem” realmente espalha, e como no meu serviço jornalista tem fama de fofoqueiro, adivinha para quem iria sobrar?

E terceiro porque realmente estava muito sem paciência.

O desgraçado ainda ficou por mais uns cinco minutos lendo o jornal do dia, mais especificamente a coluna social, e logo depois saiu. Fiquei a pensar o que a falta de serviço faz com o cidadão e me lembrei dos textos da faculdade sobre o ócio criativo.

Dias depois recebo um e-mail de um amigo valadarense que se encaixou perfeitamente naquela conversa, que tomo a liberdade compartilha com vocês.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

PODRES PODERES

Sempre me pego perguntando onde é que nossos jovens vão parar, quero dizer chegar, com a falta de interesse em discutir alguns assuntos. Recentemente os telejornais de todo País mostraram a revolta dos franceses de todas as idades devido à alteração da idade mínima de 60 para 62 anos para se aposentar, no Brasil, só a título de informação, a idade mínima para se aposentar é 65 anos para os homens, e se não fossem as associações e entidades que representam os aposentados para lutar por vários direitos, muitas conquistas não seriam hoje realidade.

Mas o mais interessante de tudo isso é que muitas das lutas dos aposentados irão beneficiar nós jovens e que ainda iremos nos aposentar daqui há uns bons anos, como por exemplo, a luta pelo fim do fato previdenciário.

Assim como na França quem deveria estar nas ruas e no Congresso Nacional, lutando por direitos trabalhistas principalmente a aposentadoria, éramos nós jovens, mas como eu disse no início deste texto, os jovens não se interessam por assuntos como política, economia, direitos trabalhistas, entre outros, e sim pelas “baladas” do fim de semana, pelas “gatinhas” ou mesmo pela potência e design do mais novo lançamento automobilístico. Alienação pura!

Escrevi tudo isso para em fim chegar onde eu queria. Quando eu disse que os jovens não se interessam por política, não quis dizer a política partidarista, quando os “militontos” como o grande Jornalista Alex Ferreira costuma se referir, brigam entre si discutindo que PT é melhor que DEM, que é melhor que PMDB, que é melhor que PPS, e por ai vai, mas sim a política econômica, social, situação do País diante do mercado externo, crescimento, desaceleração, dólar, e por ai vai. Este tipo de política, a da boa, que realmente constrói e agrega valor cultural ao cidadão, deveria ser obrigatória na grade curricular, mas infelizmente isso não atrai voto, muito pelo contrário, pode é tirar, cidadão consciente é eleitor crítico e difícil de manipular.

Na sexta-feira, dia 29 de outubro, estava de folga no serviço, e entediado no sofá diante de programações interessantíssimas como seção da tarde, programa Márcia Goldsmith, Casos de Família e a Tarde é Sua, entre outros lixos culturais que buscam apenas a exploração e a ridicularização da figura humana, me pus a assistir a TV Senado, que mesmo em período eleitoral onde o Congresso Nacional fica jogado às traças, costuma ter debates acalorados, e discussões relevantes, mesmo com tanta falsidade e cinismo por parte dos Nobres Senhores senadores.

Neste dia, o que me chamou a atenção foi o diálogo entre dois Senadores, um que havido sido reeleito e outro que irá deixar o Senado depois de longos 16 anos de “bons” serviços prestados ao povo brasileiro. Os elogios feitos pelo senador reeleito ao nobre companheiro iam desde um cidadão íntegro, respeitado, comprometido, índole inabalável, entre outros que me fizeram pensar como a pensar como este “santo” não havia sido reeleito. Que falta de sensibilidade do povo do Acre, sua Unidade Federativa, com aquele homem.

Os elogios prosseguiram por mais uns 20 minutos, cada um mais belo e mais difícil de pronunciar que o outro, no entanto, o fim do diálogo eu me lembro bem. “Por fim, vossa excelência pode ter certeza de uma coisa, seu nome estará marcado nos anais da história desse País. E o povo brasileiro, principalmente os do Acre, seu estado, tem uma eterna dívida com Vossa Excelência pelos seus bons serviços prestados nestes 16 anos de Senado Federal. Vossa Excelência merecia uma placa banhada em ouro por parte desta casa. Homens igual a Vossa Excelência não deveriam nunca deixar a política brasileira. Em meu coração, minha casa e junto a minha família Vossa Excelência tem lugar garantido. Um grande abraço e espero encontrar-lo novamente em breve nesta casa”.

Eu que me considero um cidadão politizado fiquei “sensibilizado” com o discurso e percebi o porquê de muitos enxugadores de gelo por ai eleger vários Tiriricas e Romários da vida.

Esta falta de interesse e maturidade política de nossa gente pode ser vista aqui na nossa região. Dois políticos reeleitos, um para a Assembléia Legislativa e outro para a Câmara Federal foram campeões de votos na maioria das cidades da Região Metropolitana e do Colar Metropolitano e até mesmo em outras regiões.

A pergunta que eu faço é: o que de concreto fizeram! luta pela duplicação de estradas? vários lutaram, mas não com a mesma VERBA PUBLICTÁRIA E PODER SOBRE A MÍDIA; projetos sociais de formação? Assistencialismo do mais barato. Mas obras e leis que realmente mudaram nossa vida? puxem na memória, não existe nada de concreto, apenas castelos de areia.

Enfim, também temos nossos Tiriricas. A diferença é que ao contrário do que muitos perceberam quem estava fantasiado eram os nossos.