segunda-feira, 8 de outubro de 2012


FESTA DA DEMOCRACIA.

Conforme já disse em um determinado texto deste blog sempre gostei de política, mas não a política partidarista, essa não vale nada, é mesquinha e podre, mas sim a política boa, aquela em que se lê, analisa de forma crítica, e chega-se a conclusões positivas ou não sobre um determinado assunto, formando desta forma uma opinião construtiva a cerca do tema.

Outro dia na escola uma colega de classe exclamou em alto e bom som que não suportava mais o horário político e que odiava política, que iria anular todos os seus votos. Por coincidência, ou mesmo cabeça vazia, (eu fico com a segunda opção) a ouvi comentar na sexta-feira que participaria de uma carreta no sábado pela manhã. Confesso que não entendi, ela odeia política, mas participaria da carreta. Pela lógica não foi por convicção e sim pela farra do evento, farra esta que para mim foi um tormento. De qualquer forma a fala da companheira acadêmica fez-me lembrar de  Bertold Brecht, dramaturgo Alemão, no texto "Analfabeto Político".

"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nascem a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e o lacaio das empresas nacionais e multinacionais."
Bertold Brecht - 1898 – 1956

Pois bem, na sexta-feira que antecedeu o fim de semana eleitoral, já lera nos jornais regionais sobre os cronogramas de carreatas, e traçara todo o meu curto trajeto no sábado de manhã para não cair de gaiato no meio de nenhuma.

Ao me descolar às 7h40 para a faculdade, já dava para sentir o que o seria do sábado, contei três aglomerações que já contava cada uma pelo menos com uns 20 carros, todos muito adesivado e com caixas de som no telo ou sons no porta malas. Até ai tudo bem, trajeto feito como de costume com 15 minutos. Por volta das 8h30, já em campo fazendo o trabalho de topografia começo a ouvir o buzinaço e os foguetes. Feliz da vida por ter chegado bem cedo à faculdade, pensava apenas que  por volta do meio dia pelo menos naquele trecho não haveria mais tumulto.

Após uma semana de intensos estudos para uma prova de Física I, e um então fim de semana de estudos para a prova de Cálculo II na terça-feira, o grupo parecia um pouco exausto, e terminamos o trabalho mais cedo, às 11h. Confesso que desliguei um pouco do trabalho e dos cálculos que em casa me esperavam, e me concentrei em três cervejas Heineken que a uma altura dessas já deviam estar “mofadas no congelador” lá de casa.

Ao Pegar a avenida Selim José de Sales, percebi que a volta seria um pouco mais longa, só não imaginei que seria tão mais longa. O local parecia um inferno, carros dos dois principais candidatos interditavam as duas pistas da via no sentido Bethânia-Centro,  resolvo então ter a infeliz brilhante ideia de pegar as vias secundárias que, para meu tormento estavam ainda piores devido à sua largura, e carros estacionados dos dois lados, sobrando apenas um corredor para um carro passar, espaço este que era disputado a gritos, buzinas e gestos pelos “pacientes” condutores. Até ai já se passara pelo menos 30 minutos desde a minha saída da escola.

Resolvo então voltar para a avenida, pois pelo menos lá a coisa parecia fluir um pouco mais rápido. Pelo menos neste ponto acertei, e após muito som alto de péssima qualidade, bandeiradas, muita gente boa saindo dos carros e correndo entre os outros, como se comemorassem o título do penta, infinitas infrações, eis que chego em casa após 1h14 minutos, estressado, com fome, com sede, morrendo de vontade de ir ao banheiro e já totalmente desconcentrado para estudar. A vontade de tomar a cerveja já havia passado porque bebi tanta água quando cheguei que fiquei de barriga cheia. Fiz meu almoço porque minha esposa estava fora, e fui descasar um pouco ouvindo muitas buzinas jingles, foguetes, barulhos de escapamento das motos ensudersedores, e foguetes.

Por volta das 15h confesso que até tentei estudar, mas o barulho não me permitia concentrar nos intermináveis cálculos que os exercícios de Integrais exigiam.

Mas conforme manda o figurino, em nome da maior festa da democracia, neste fim de semana tudo era permitido, já que os bacanas só podiam ser presos partir desta segundona. Democracia é isso ai. Agora me resta correr atrás do prejuízo com uma tarde inteira de domingo, a minha 1h30 de almoço na segunda, e mais umas duas horas, assim que chegar da faculdade às 23h, para estudar. Democracia é isso ai, somos obrigados a ficar horas num engarrafamento, ser OBRIGADO a ouvir jingles de péssimo gosto, foguetes e ronco de motores, em nome de uma eleição.

Só me resta esperar agora fazer uma ótima prova, já que afundei na primeira, e que nossos futuros prefeitos, digo nossos porque como vivemos em uma região metropolitana, as decisões tomadas por um prefeito afetam diretamente as cidades vizinhas, e assim por diante em Ipatinga, Timóteo, Coronel Fabriciano e Santana do paraíso, façam um bom governo, fazendo valer a pena, a privada que meus ouvidos se tornaram no dia sábado, dia 06 de outubro de 2012, véspera da maior festa da democracia brasileira.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

VOO DE LIBERDADE


Há algum tempo escrevi aqui que ler só é prazeroso quando se tem vontade, desta forma, subentende-se que escrever se dá mesma forma. Pois bem, aqui estamos novamente após um longo hiato sem tempo e vontade de postar nada neste pequeno espaço onde a censura passa longe. 

No último fim de semana minha esposa viajou para visitar sua avó na cidade de São Domingo do Prata, eu fiquei, porque tenho duas provas esta semana, uma de cálculo II e outra de Física I, o que é dispensável versar aqui, é sobre a minha dificuldade em fazê-las, afinal, é isso que dá um jornalista decidir cursar a faculdade de Engenharia Civil. Mas voltando ao assunto, principal, como minha esposa viajou, aproveitei para dormir na casa de meus pais, em Timóteo.

Após uma tarde inteira e parte da noite de estudos, acordo logo pela manhã para ir à farmácia comprar uma manteiga de cacau, pois com a temperatura baixa em plena primavera (para nós já parece verão), meus lábios resolveram ressecar.

Logo ao sair de casa percebo um alto e lindo canto de Sábia vindo de uma casa a poucos metros da de meus pais, até ai tudo normal, quero dizer, normal mas incorreto, porque com certeza o bicho estava preso em uma gaiola. No entanto, o mais interessante veio em seguida, um outro sábia pousou no fio do poste em frente e também começou a cantar. Acredite quem quiser, mas eles pareciam conversar. De um lado um inocente prisioneiro que se vê obrigado a cantar como se fosse a mais feliz das aves, e do outro, uma que realmente cantava de felicidade, afirmando ser a ave mais feliz do mundo.

Não moramos em uma metrópole onde cenas de pássaros soltos chega causar estranheza em alguns, mas o “diálogo”  chamou a atenção de outras pessoas que chegaram a parar e ficar olhando o pássaro – solto é claro, pois o outro estava preso -, o que por consequência foi chamando a atenção de outros incrédulos que ali transitavam.

Quando a plateia estava formada, o sábia que estava livre, logo deu um jeito de dar no pé, ou melhor, nas asas, afinal como diria o esperto João Matuto, que não confia nem na própria sobra, com certeza ali havia um que olhava não com ares de admiração, mas sim de cobiça, querendo transformar aquele livre em também prisioneiro.

Todo esse misancene não durou mais do que míseros 60 segundos, mas para quem assim como eu, acha verdadeiramente lindo um bicho calado solto, do que um cantando preso, com certeza a situação foi de aprendizado.

Ao sair fiquei com aquele sentimento de que apesar de serem seres “irracionais” como um pássaro teria imaginado o outro? Como teria sido o diálogo entre eles? Na minha vã filosofia seria:

O preso pensando:

- Quem serás este meu platônico amigo que cantas comigo tão bela canção? Serás a jaula dele tão apertada como a minha?

Em contrapartida, o livre pesava:

 – Onde estará este meu amigo, que cantas comigo esta bela canção, mas não vens ao meu encontro? Porque não sais de dentro de casa, e vens aqui desfrutar comigo de tão bela manhã dominical?

O conceito de  beleza é subjetivo, de forma que, o que é belo para uns, não é para outros, e infelizmente para alguns “racionais” animais, a beleza está em manter numa jaula um bicho que nasceu com asas para galgar voos de liberdade.