Há algum tempo escrevi aqui que
ler só é prazeroso quando se tem vontade, desta forma, subentende-se que
escrever se dá mesma forma. Pois bem, aqui estamos novamente após um longo
hiato sem tempo e vontade de postar nada neste pequeno espaço onde a censura
passa longe.
No último fim de semana minha
esposa viajou para visitar sua avó na cidade de São Domingo do Prata, eu fiquei,
porque tenho duas provas esta semana, uma de cálculo II e outra de Física I, o
que é dispensável versar aqui, é sobre a minha dificuldade em fazê-las, afinal,
é isso que dá um jornalista decidir cursar a faculdade de Engenharia Civil. Mas
voltando ao assunto, principal, como minha esposa viajou, aproveitei para
dormir na casa de meus pais, em Timóteo.
Após uma tarde inteira e parte da
noite de estudos, acordo logo pela manhã para ir à farmácia comprar uma
manteiga de cacau, pois com a temperatura baixa em plena primavera (para nós já
parece verão), meus lábios resolveram ressecar.
Logo ao sair de casa percebo um
alto e lindo canto de Sábia vindo de uma casa a poucos metros da de meus pais,
até ai tudo normal, quero dizer, normal mas incorreto, porque com certeza o
bicho estava preso em uma gaiola. No entanto, o mais interessante veio em
seguida, um outro sábia pousou no fio do poste em frente e também começou a
cantar. Acredite quem quiser, mas eles pareciam conversar. De um lado um
inocente prisioneiro que se vê obrigado a cantar como se fosse a mais feliz das
aves, e do outro, uma que realmente cantava de felicidade, afirmando ser a ave
mais feliz do mundo.
Não moramos em uma metrópole onde
cenas de pássaros soltos chega causar estranheza em alguns, mas o
“diálogo” chamou a atenção de outras
pessoas que chegaram a parar e ficar olhando o pássaro – solto é claro, pois o
outro estava preso -, o que por consequência foi chamando a atenção de outros
incrédulos que ali transitavam.
Quando a plateia estava formada,
o sábia que estava livre, logo deu um jeito de dar no pé, ou melhor, nas asas, afinal
como diria o esperto João Matuto, que não confia nem na própria sobra, com
certeza ali havia um que olhava não com ares de admiração, mas sim de cobiça,
querendo transformar aquele livre em também prisioneiro.
Todo esse misancene não durou
mais do que míseros 60 segundos, mas para quem assim como eu, acha verdadeiramente
lindo um bicho calado solto, do que um cantando preso, com certeza a situação
foi de aprendizado.
Ao sair fiquei com aquele
sentimento de que apesar de serem seres “irracionais” como um pássaro teria
imaginado o outro? Como teria sido o diálogo entre eles? Na minha vã filosofia
seria:
O preso pensando:
- Quem serás este meu platônico
amigo que cantas comigo tão bela canção? Serás a jaula dele tão apertada como a
minha?
Em contrapartida, o livre pesava:
– Onde estará este meu amigo, que cantas
comigo esta bela canção, mas não vens ao meu encontro? Porque não sais de dentro
de casa, e vens aqui desfrutar comigo de tão bela manhã dominical?
O conceito de beleza é subjetivo, de forma que, o que é
belo para uns, não é para outros, e infelizmente para alguns “racionais”
animais, a beleza está em manter numa jaula um bicho que nasceu com asas para
galgar voos de liberdade.
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