segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A DIFÍCIL ARTE DE VIVER EM SOCIEDADE

As vezes me pego pensando como é difícil a vida em sociedade. Hoje se mata por causa de R$ 1.000 ou por causa de R$ 1, o valor da vida é mesmo. Sequestra-se, extorque-se, violenta-se, agride-se verbalmente, por nada, ou então, simplesmente por tentar se civilizado.

Na semana passada arrumei uma tremenda confusão em uma grande rede supermercados da região por ter dado direito a um senhor com mais de 65 anos de passar à minha frente.

A lei 10.048, de 8 de novembro de 2000, dá prioridade ao atendimento preferencial às pessoas como gestantes, lactantes, idosos com idade igual ou superior a 60 anos, e as pessoas acompanhadas por criança de colo.

Na ocasião, após encerrar o expediente, parei no referido supermercado para comprar alguns gêneros alimentícios para o fim de semana. Sexta-feira, fim de tarde, e como sempre o supermercado lotado. Uma mulher de aproximadamente uns 35 a 40 anos terminava de passar provavelmente a sua compra do mês devido a quantidade de itens, e eu era o próximo, logo atrás de mim, umas 8 ou 9 pessoas.

Neste momento um senhor se aproximou com um cesta contendo exatamente um pote de margarina, um pacote de pão, algumas sacolas contendo tomates, batatas e cebolas. Ao perceber que ele apenas olhou para mim e meio sem graça, prontamente disse que ele poderia passar à frente.

Neste momento como um ser totalmente irracional, um homem que estava logo atrás de mim disse que se eu o deixasse passar, que passasse na minha frente, e não na frente dele, e já foi se aproximando como que se quisesse me retirar na fila. Dois filmes se passaram pela minha cabeça numa fração de segundos. O primeiro era realmente a ignorância daquele bípede em expor àquela situação, aquele senhor que nesta altura já começava a se recuar para não criar ainda mais confusão. O segundo filme, foi que aquele fato poderia ocorre com meu pai que completou no dia 21 de julho, 68 anos de idade, e não perde a chance de exercer seu direito de não pegar fila.

Antes mesmo do tal senhor sair, eu o segurei pelo braço, e disse que ele não precisava sair, comentando inclusive sobre a lei que lhe dava esse direito, claro sem citar o seu número, uma vez que não lembrava dele. Também achei que a situação partiria para as vias de fato, já que o rapaz continuou esbravejando. Se não me engano algo bem parecido, “.....eu trabalhei o dia todo, morto de cansado, doido para chegar em casa, e essa porra de velho que deve ter ficado à toa o dia todo em casa vem passando na minha frente, tem que ter desconfiômetro, dá o seu lugar para ele então e vai pra outra fila........”.

Neste exato momento um rapaz mais atrás resolveu comprar a briga juntamente comigo em defesa do senhor. No entanto, me surpreendeu ainda mais um funcionário da grande rede de supermercados que estava logo em frente o caixa, com calça social, camisa de manga comprida para dentro, rádio comunicador nas mãos, todo cheio de pompa, não fazer simplesmente nada, e ainda sair de perto, como se fugisse da confusão.

Não sei se o tal senhor sofria de Mal de Parkinson, ou estava nervoso, mas ele tremia feito vara verde.

Os demais integrantes da fila vendo a situação pareciam terem sidos tomados por uma onda de civilidade e também passaram a defender o “velho guerreiro”, que nesta hora já era o centro das atenções de boa parte das dezenas de pessoas nos caixas vizinho.

Como diz aquele velho e batido ditado, a união faz a força, e o viril homem que não queria de forma alguma permitir que o idoso simplesmente pudesse cumprir seu direito, saiu da fila sentido interior do supermercado. Confesso que por dentro tive vontade ter uma atitude um pouco moleque e puxar uma vaia, mas, macaco velho não põe a mão na cumbuca, e como o cidadão era mais alto, forte e não estava em seu perfeito juízo, o medo de levar o colocado de direita no meio das fuças falou mais alto e fiquei mudo.

O senhor passou a sua pequena compra, com certeza pensando no maldito momento em que aquele jovem uniformizado cedeu por educação o lugar a ele. Teria pensado, porque não ires a outro caixa, mas quis o destino que ele fosse naquele e participasse daquela desprezível cena.

Também passei minha compra, ensacolei, já que a grande rede não possui este profissional em seu quadro de empregados, e fui para o meu carro. Ao sair do supermercado, quando estava exatamente enfrente ao Fórum de Ipatinga, local máximo do cumprimento da Constituição Federal – pelo menos em tese -, resolvo parar para dar passagem na faixa de pedestre para quem? Adivinhe quem? Ele mesmo! O tal senhor do supermercado. E adivinhe o que aconteceu? Vem-me outro cidadão e me taca uma buzina, acompanhada de várias piscadas de farol. Desta vez segui os conselhos de meu sábio pai sobre educação no trânsito e ignorei a situação, aproveitei que estava de vidros fechados devido à temperatura que ainda estava amena e fingi que a situação nem mesmo aconteceu.

Também foi inevitável pensar que mais uma vez aquele senhor deve ter imaginado. “...pelo amor de Deus, mais uma confusão me envolvendo e a este rapaz. Essa praga tá me seguindo, vou sumir da frente dele e rezar pra que nunca mais ele seja gentil comigo........”, neste momento dei algumas risadas sozinho dentro do carro.

No trajeto de volta para minha casa fiquei a pensar que nós, seres humanos “racionais”, simplesmente não conseguimos viver em sociedade. Em contrapartida, seres considerados irracionais são exemplos de vida em sociedade, algumas vezes tão complexas quanto as nossas, como as formigas.

As sociedades das formigas são organizadas por divisão de tarefas, que podem ser distribuídas pelo tamanho ou pela idade do indivíduo, mas sempre repartindo todas as tarefas, trabalhando juntas na construção de casas enormes, resolvendo problemas complicados.

Se elas, seres “irracionais” simplesmente conseguem viver em sociedade, porque nós seres humanos “perfeitos”, dotados de uma inteligência inquestionável, simplesmente não conseguimos? Será que existe algum palestrante, professor, ou consultor formigão por ai disponível para nos ensinar?

Tudo isto só me leva a crer que infelizmente aquele velho clichê “A desmoralização de uma instituição chamada família”, está mais em alta do que nunca, uma vez que muitos dos exemplos de falta de civilidade são praticados pelos próprios pais na frente dos próprios filhos, que simplesmente são espelhos de seus progenitores. Mas isso é assunto para um outro texto.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

CARALHO !!!!!!!!!!

O brasileiro é realmente um povo “SAKANA”, digo isso porque para tudo ele encontra um jeitinho, ou então, uma forma de distorcer um determinado assunto para zoar um amigo, colega de trabalho, primo, cunhado etc.


Um grande exemplo disso é o CARALHO. Isso mesmo, não se assuste, o CARALHO. Na sua etimologia não estou ofendendo ninguém, ou mesmo, pronunciando uma palavra de baixo calão.

Recentemente durante viagem ao Rio de Janeiro, entre uma cerveja e outra, meu cunhado resolveu me explicar a origem do termo. Confesso que no dia achei que era resultado de umas boas brahamas ingeridas à beira da praia da Reserva e acabei me esquecendo de confirmar a veracidade da história.

Na última sexta-feira, durante horário de almoço me lembrei do causo, fiz uma pesquisa e para minha surpresa, não é que era realmente verdadeiro.

Um CARALHO é uma peça de engenharia naval utilizada para monitoramento nos navios onde os vigias enxergavam o horizonte em busca de sinais de terra. Geralmente com a forma de uma pequena cesta suficiente para abrigar um ou poucos homens, esta peça encontrava-se no alto dos mastros ou torres próprias das caravelas ou navios. Dada a sua situação, a CARALHO era um lugar muito instável, pois era onde se manifestava com maior intensidade a oscilação e o rolamento lateral da embarcação.

Este local, nada agradável, por isso mesmo era considerado lugar de castigo e para aí eram mandados os marinheiros que infringiam as normas vigentes a bordo. O prevaricador era então obrigado a cumprir horas e por vezes até dias inteiros no CARALHO e, quando descia, vinha tão mal disposto que se mantinha quieto por uns bons tempos. Daí veio a expressão: mandar para o CARALHO quando se queria castigar uma pessoa. Com o tempo a expressão adquiriu outros significados, incluindo a conotação pejorativa conhecida por nós.

No entanto, o hábito do brasileiro de modificar palavras ou frases por inteiro não pára por ai. Segue abaixo alguns exemplos retirados do blog do amigo Alex Ferreira, de expressões devidamente adaptadas por nós.

COMO CONHECEMOS:
O CORRETO É:

Hoje é domingo, pé de cachimbo.
Hoje é domingo pede (do verbo pedir) cachimbo.


Esse menino não pára quieto, parece que tem bichocarpinteiro
Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro.

Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão.
Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão.


Cor de burro fugido.
Corro de burro fugido.


Quem tem boca vai a Roma.
Quem tem boca vaia (do verbo vaiar) Roma


Cuspido e escarrado
Esculpido em Carrara. (Carrara é um tipo de mármore)


Quem não tem cão, caça com gato
Quem não tem cão, caça como gato (ou seja, sozinho, uma vez gatos caçam somente só)

Lembra-se do SAKANA lá em cima, descubro hoje por meio de um colega de trabalho japonês que PEIXE, na língua do sol nascente se pronuncia SAKANA. Isso me leva crer se algum dia conhecer a terra dos samurais, e um amigo me dizer que o senhor Miagui está preparando uma grande SAKANAGEM para nós, não sei se interpreto que ele nos convidou para uma bela PEIXADA ou se estar querendo mesmo é nos ...............................................................

Para quem nunca viu, ou mesmo não conhecia, aí está o único e verdadeiro CARALHO.