Sítio na beira do Rio Doce, carne na churrasqueira, cerveja, refrigerante e outros petiscos sobre a mesa. Conversas em tom mais alto, risos, gritos, mulheres correndo, risos de homens e uma pequena cobra, aproximadamente uns 30 cm sai do meio do mato rastejando bem devagar rumo a outra moita do capim.
O “gênio” da turma, pega um pedaço de pau, mata a cobra e o mostra como se fosse um troféu para os demais integrantes da confraternização, fazendo uma alusão ao ditado.
Outro fala em tom baixo, um misto de revolta e tristeza; “precisava matar o bicho. Era só pegá-la com o mesmo pau que você a matou e jogá-la no mato de novo”. A resposta veio mais do que rápido. “Ninguém mandou ela invadir o meu espaço”.
Sem querer ter uma visão Budista a respeito do assunto, até mesmo porque o “gênio” que matou a cobra e mostrou o pau não soube informar se o réptil era venenoso ou não, o que mais me chamou a atenção foi a frase, “Ninguém mandou ela invadir o meu espaço”. Fiquei pensando enquanto dependuravam a cobra na cerca do pasto, quem invadiu o espaço de quem. A cobra que entrou de penetra na confraternização dos outros, ou o dono do sítio que ocupou a área que a milhares de anos vem servindo de casa de centenas de espécies.
Infelizmente para muitos os bichos não são considerados dignos de qualquer respeito moral.