FESTA DA DEMOCRACIA.
Conforme já disse em um determinado texto deste blog sempre
gostei de política, mas não a política partidarista, essa não vale nada, é
mesquinha e podre, mas sim a política boa, aquela em que se lê, analisa de
forma crítica, e chega-se a conclusões positivas ou não sobre um determinado
assunto, formando desta forma uma opinião construtiva a cerca do tema.
Outro dia na escola uma colega de classe exclamou em alto e
bom som que não suportava mais o horário político e que odiava política, que
iria anular todos os seus votos. Por coincidência, ou mesmo cabeça vazia, (eu
fico com a segunda opção) a ouvi comentar na sexta-feira que participaria de
uma carreta no sábado pela manhã. Confesso que não entendi, ela odeia política,
mas participaria da carreta. Pela lógica não foi por convicção e sim pela farra
do evento, farra esta que para mim foi um tormento. De qualquer forma a fala da companheira acadêmica fez-me lembrar de Bertold Brecht, dramaturgo Alemão, no texto "Analfabeto Político".
"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o
peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância
política nascem a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os
bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e o lacaio das
empresas nacionais e multinacionais."
Bertold Brecht - 1898 – 1956
Pois bem, na sexta-feira que antecedeu o fim de semana eleitoral, já
lera nos jornais regionais sobre os cronogramas de carreatas, e traçara todo o
meu curto trajeto no sábado de manhã para não cair de gaiato no meio de
nenhuma.
Ao me descolar às 7h40 para a faculdade, já dava para sentir
o que o seria do sábado, contei três aglomerações que já contava cada uma pelo
menos com uns 20 carros, todos muito adesivado e com caixas de som no telo ou
sons no porta malas. Até ai tudo bem, trajeto feito como de costume com 15
minutos. Por volta das 8h30, já em campo fazendo o trabalho de topografia começo
a ouvir o buzinaço e os foguetes. Feliz da vida por ter chegado bem cedo à
faculdade, pensava apenas que por volta
do meio dia pelo menos naquele trecho não haveria mais tumulto.
Após uma semana de intensos estudos para uma prova de Física
I, e um então fim de semana de estudos para a prova de Cálculo II na terça-feira,
o grupo parecia um pouco exausto, e terminamos o trabalho mais cedo, às 11h.
Confesso que desliguei um pouco do trabalho e dos cálculos que em casa me
esperavam, e me concentrei em três cervejas Heineken que a uma altura dessas já
deviam estar “mofadas no congelador” lá de casa.
Ao Pegar a avenida Selim José de Sales, percebi que a volta
seria um pouco mais longa, só não imaginei que seria tão mais longa. O local parecia
um inferno, carros dos dois principais candidatos interditavam as duas pistas
da via no sentido Bethânia-Centro, resolvo então ter a infeliz brilhante ideia de
pegar as vias secundárias que, para meu tormento estavam ainda piores devido à
sua largura, e carros estacionados dos dois lados, sobrando apenas um corredor
para um carro passar, espaço este que era disputado a gritos, buzinas e gestos
pelos “pacientes” condutores. Até ai já se passara pelo menos 30 minutos desde
a minha saída da escola.
Resolvo então voltar para a avenida, pois pelo menos lá a
coisa parecia fluir um pouco mais rápido. Pelo menos neste ponto acertei, e após
muito som alto de péssima qualidade, bandeiradas, muita gente boa saindo dos
carros e correndo entre os outros, como se comemorassem o título do penta,
infinitas infrações, eis que chego em casa após 1h14 minutos, estressado, com
fome, com sede, morrendo de vontade de ir ao banheiro e já totalmente desconcentrado
para estudar. A vontade de tomar a cerveja já havia passado porque bebi tanta
água quando cheguei que fiquei de barriga cheia. Fiz meu almoço porque minha
esposa estava fora, e fui descasar um pouco ouvindo muitas buzinas jingles,
foguetes, barulhos de escapamento das motos ensudersedores, e foguetes.
Por volta das 15h confesso que até tentei estudar, mas o
barulho não me permitia concentrar nos intermináveis cálculos que os exercícios
de Integrais exigiam.
Mas conforme manda o figurino, em nome da maior festa da
democracia, neste fim de semana tudo era permitido, já que os bacanas só podiam
ser presos partir desta segundona. Democracia é isso ai. Agora me resta correr
atrás do prejuízo com uma tarde inteira de domingo, a minha 1h30 de almoço na
segunda, e mais umas duas horas, assim que chegar da faculdade às 23h, para
estudar. Democracia é isso ai, somos obrigados a ficar horas num
engarrafamento, ser OBRIGADO a ouvir jingles de péssimo gosto, foguetes e ronco
de motores, em nome de uma eleição.
Só me resta esperar agora fazer uma ótima prova, já que
afundei na primeira, e que nossos futuros prefeitos, digo nossos porque como
vivemos em uma região metropolitana, as decisões tomadas por um prefeito afetam
diretamente as cidades vizinhas, e assim por diante em Ipatinga, Timóteo,
Coronel Fabriciano e Santana do paraíso, façam um bom governo, fazendo valer a
pena, a privada que meus ouvidos se tornaram no dia sábado, dia 06 de outubro
de 2012, véspera da maior festa da democracia brasileira.